Hoje

             Hoje estou assim para o frouxa. Não me sinto muito feliz, mas também não me sinto muito triste. Não me apetece contar piadas secas e sem graça nem rir de coisas sem jeito nenhum. Hoje apetece-me ser melancólica e ouvir músicas de amor, ler daqueles livros que têm histórias com tanto amor à mistura que me fazem imaginar os protagonistas como ventosas, sempre agarrados um ao outro. Pois é, hoje estou num estado de carência afetiva profundo e juro que se um sapo verde me dissesse para o beijar, o faria de certeza. Tudo isto porque estou à demasiado tempo sem o calor masculino, demasiado mesmo. Mas, por mais falta que me faça, prefiro este sentimento de abstinência do que me converter naquilo que muita gente de gaja oferecida, também designada de pêga. Prefiro estar triste do que “saltar para o boxer” do primeiro cromossoma Y que me aparecer, pelo menos assim preservo a minha honra e dignidade.

                Acho que o primeiro fator que me está a impedir de me relacionar com o sexo oposto é sem dúvida a minha aparência. Quando eu me vejo ao espelho, não gosto da imagem que ele me devolve. Tento mentalizar-me que a imagem não é tudo, que tenho um conteúdo psicológico bom, mas não vale de nada porque até agora ninguém se aproximou de mim por isso. A sociedade também não ajuda e faz favor de me fazer observações do género “agora estás mais gorda” ou “a tua mãe da tua idade não era assim”. E apesar de eu mostrar desprezo quando me dizem isto, o que vai dentro de mim é uma vontade real e quase incontrolável de chorar. Chorar porque me sinto mal sendo assim, chorar porque já tentei fazer dieta mas não consigo, porque fico triste e a minha forma de compensar é comendo. Já pensei em comprar comprimidos, mas depois penso que prejudico a minha saúde e recuo. Mas é uma vontade que está a ganhar cada vez mais terreno em mim, porque dia após dia, ano após ano, nada muda. Continuo na mesma, continuo sozinha e triste. Todos os anos no ano novo peço a mesma coisa, até agora a merda continua a ser a mesma. Por mais pedidos que faça a essa entidade desconhecida e supostamente divina, até agora o meu pedido ficou em lista de espera.

               

Uma desinteressante reflexão acerca da (minha) condução

                Hoje apetece-me refletir. É uma atividade tão bonita e tão inspiradora que, pelos vistos, tenho vindo a executar muito poucas vezes ultimamente. E refletir sobre o quê? Ora, como na minha monótona e desinteressante vida não existem grandes novidades, refletir sobre aquele tópico sobre o qual eu falo com alguém sempre que tenho uma oportunidade: a minha carta de condução. Sim, eu sei que é um tópico chato, mas eu tenciono continuar a importunar as pessoas com isto até que uma voz corajosa e potente me mande calar em alto e bom som.    

                Pois é, fui recentemente incluída na família automobilista portuguesa, na categoria de perigo público para a segurança e integridade da população em geral. Posso dar alguns conselhos que poderão ser muito úteis para quem queira preservar a sua vida:

                - se me virem a conduzir, fujam o mais rapidamente possível e não olhem para trás;

                - se forem a atravessar uma passadeira, olhem sempre para o condutor da viatura, não se dê o caso de ser eu e, então, existe um risco real de ficarem com um número superior de ossos do que o existente inicialmente.

                - se forem para estacionar o vosso carro junto do meu, guardem uma grande distância de segurança, que vai servir para isso mesmo – para vossa segurança.

                - se um dia me quiserem ultrapassar, pensem duas vezes – eu não responsabilizo pelo resultado.

                Enfim, como podeis verificar, um dos meus numerosos dotes não é a condução. Ainda que eu tenha passado no exame, considero que sou bastante má a conduzir. E uma coisa é conduzir em cidade, que é muito fixe, outra coisa é conduzir por uma estrada sinuosa, estreita e sem traço que, para ser poética, posso comparar à minha vida e às dificuldades que tive que enfrentar que, para dizer a verdade, até agora nem foram assim tantas.

                E este é mais um dos textos que eu produzi naquelas alturas em que eu acho que até tenho uma certa graça.

Ufaaaaaa......

              Hoje experimentei uma nova sensação. Aquela de conseguir uma coisa há muito desejada, algo que ansiei durante toda a minha vida. Para mim significava o passar de adolescente a um novo membro do mundo dos adultos, ou seja, de passar do condicionamento da minha liberdade por parte dos meus pais para a uma maior liberdade, ainda que moderada. Há já muito tempo que o desejava e isto, sinceramente, andava a consumir-me por dentro. Mas, por outro lado, agora que atingi este meu objetivo, olho à volta e… nada. Pensei que iria saltar, correr e gritar de alegria mas isso não aconteceu. Fiquei contente e aliviada. Mas não senti vontade de cantar nem de gritar. Foi tudo muito normal.

                Há, já agora, hoje passei no exame de condução =)

Don't sleep

            Se é possível não dormir por ter dormido, então isso aconteceu-me a mim. Não consigo dormir, estive 4 horas a tentar fazê-lo, mas não consegui. Talvez seja porque a noite passada dormi cerca de 12 horas (mais ou menos) e, agora, estou aqui no computador porque considero que ficar na cama a tentar dormir sem conseguir traz menos benefícios do que se eu ficar no computador a fazer coisas sem um potencial interesse. Aproveito para fazer o trabalho de psicologia do desenvolvimento, que já não é mau. Mas, isto é um aparte que me deixa contente, eis que surge uma notícia do jornal público que diz que as mentes mais criativas se deitam tarde. Menos mal, se calhar a minha mente criativa esta noite quis ser ainda mais criativa e não dormir de todo.

Conclusões...

               Todos nós temos (ou tivemos) que estudar matérias de disciplinas das quais não morríamos de amores ao longo do nosso percurso escolar, seja ele mais ou menos curto. Mas, a verdade é que, mesmo que não gostemos, há sempre algo que fica na memória e que, mais cedo ou mais tarde, acaba por surgir no decorrer do nosso dia-a-dia e depois ficamos “wow, como é que eu me fui lembrar disto?”.

                Pois muito bem, algo semelhante se está a passar comigo. Este semestre tenho uma disciplina completamente desconhecida, ciências sociais. Eu não gosto mesmo nada daquilo porque me parece que vai tudo ao encontro de uma ciência social – a sociologia – e não ao encontro de várias, como o próprio nome indica. Tive uma frequência e fartei-me de estudar para aquilo e houve algumas coisas que ficaram. Por exemplo, e se este sentimento de desadequação da sociedade que muita gente sente for o produto de múltiplos factores sociais que têm o poder de influenciar o indivíduo.

                É que uma pessoa às vezes põe-se a pensar e chega a estas conclusões. Válidas ou não, não interessa.

Ai ai que é desta... afinal não.

            Sabes quando tens aquela sensação que está qualquer coisa mal? Foi com essa sensação que eu fiquei quando me disseram que o meu exame de condução seria no dia 24 de Novembro, ou seja, dia de greve geral. Fiquei no estado que, em termos científicos se pode designar por «pulga atrás da orelha». As minhas desconfianças acabaram por se concretizar: levantei-me eu às 6:30 da manhã, tão quentinha que estava, para chegar ao centro de exames e só lá estar o segurança que, infelizmente, não pode fazer exames. E eu queria despachar isto de uma vez por todas. Até já me estava a ver a conduzir sozinha o carro do meu pai, mas olha, agora fico-me pelo carro de mão.
           No fundo foi como se tivesse chumbado outra vez. Gostaria de apurar a razão pela qual estas especificidades acontecem com tanta frequência à minha pessoa. Coisas estúpidas que acontecem por razões estúpidas, é aqui comigo.

No time

                 Ultimamente não tenho escrito nada. Acho que me está a faltar maturidade literária. É isso e tempo. Ultimamente tenho andado a exercitar a bela capacidade de memorizar um grande número de coisas desinteressantes e sem aplicação útil que algumas disciplinas me impõem. Mas tem que ser.

Pela estrada é que vamos...

                Hoje chumbei no exame prático de condução. Sinceramente, não tinha grandes esperanças pois a concentração nas aulas de condução não era a melhor, mas mesmo assim não esperava que fosse tão mau. Fiz tudo quase na perfeição: meti as mudanças nas alturas certas, reduzi o andamento nas intersecções de visibilidade reduzida, fiz todos os sinais de mudança de direcção, parei nos sinais de STOP. Mas fiz uma travagem de emergência por causa de um peão que eu não vi na passadeira e deixei ir o carro abaixo numa subida (mas já isso até nem é muito mau). O pior foi o facto de o examinador me ter travado o carro por causa de um filho da p*ta a quem deveria dar uma diarreia enorme por se ter metido onde não era chamado. Basicamente, eu tinha prioridade e ele lembra-se de se meter à minha frente quando eu estava a reduzir a velocidade para entrar numa rotunda. Provavelmente achou que eu ia demasiado devagar e que tinha tempo de se armar em Chico esperto, mas isso custou-me cerca de 200€ (salvo erro), que é o preço de um novo exame.

                Por isso, Chico esperto, quem quer que sejas, desejo-te que te dê uma cagamerdeira tão tão tão mas tão grande que te lembres que o mundo não gira só à tua volta e que partilhas o espaço (a via pública) com todo o tipo de utentes. A mim, o examinador travou o carro, mas outra pessoa podia ter avançado na mesma. E, aí, quem se f*dia eras tu.